Há dias, alguém muito próximo me dizia que um velho não tem a mínima utilidade. Que a maior parte das pessoas idosas, depois de reformadas eram inúteis, limitavam-se a ficar em casa a ver televisão, a incomodar os familiares próximos de cada vez que queriam fazer alguma coisa, ir a qualquer lado, etc.
Ora, isto chocou-me! Pior... ao reflectir sobre este assunto, apercebi-me que, apesar de isto não ser claramente assumido, efectivamente este é o sentimento de muitas pessoas. Nós, como sociedade, tratamos muito mal os nossos velhos! Não os respeitamos, não temos o reconhecimento que deviamos ter por aqueles que nos criaram, nos deram educação e permitiram que sejamos quem somos hoje. E isto é muito triste! É muito injusto!
Julgo que há muito a fazer para mudar este estado de coisas. Desde logo, julgo que é necessário valorizar mais os conhecimentos, o saber de experiência feito daqueles que já andam nisto há mais tempo. Há muitas coisas que não se aprendem nos livros.
Também há que promover um envelhecimento mais activo. Se é verdade que se vive mais tempo, também é verdade que se tem qualidade de vida (no sentido de ter mais saúde) por mais tempo. E isto pode também significar trabalhar até mais tarde, manter um papel activo na sociedade, quer através do apoio à família (dando um apoio na educação dos netos, por exemplo), quer através da envolvimento em movimentos de voluntariado, movimentos cívicos de cidadãos, etc. Ser velho não tem necessariamente que significar ser inútil!
Julgo que uma sociedade que não saiba respeitar os seus velhos é uma sociedade sem valores. Da mesma forma que temos que saber cuidar e educar uma criança, também temos que cuidar com carinho aqueles que nos deram muito. Nos deram tudo!
